Por João Marcos Luz
O Brasil vive uma luta entre extremos, situação que se reflete na política acreana: de um lado temos os políticos que defendem o agronegócio e a garantia legal para o desenvolvimento regional, elencando exemplos de riqueza. No outro extremo, a turma da natureza intocada defende o desmatamento zero e argumenta pontos importantes, como as mudanças climáticas e os efeitos da devastação.
Não existe um terceiro discurso, não há uma defesa de um caminho alternativo para a geração de riqueza, superando os debates sobre sustentabilidade e a manutenção dos incentivos à cultura extrativista. Propagar uma ideia diferente dos extremos representa uma ofensa para as duas alas que sempre desferem ataques. É importante ignorar o radicalismo e desenvolver a ideia de geração de emprego e renda, sendo, ao mesmo tempo, defensora dos acordos internacionais assinados, em que se busca mitigar os efeitos da destruição ambiental e a consequente elevação da temperatura no mundo.
Para esse debate não parecer “isentão” e enganador, acredito ser necessário um pacto com a construção de pilares, de bases comuns: o povo que vive na Amazônia precisa ter a liberdade de gerar riqueza, abrindo novas possibilidades de desenvolvimento da economia, mantendo a produção de alimentos, uma base forte para que a população mundial não morra de fome. Outro ponto que deve ser fixo é a manutenção da riqueza natural, pois representa mais que a preservação do meio ambiente, é uma fonte econômica ainda pouco explorada, tendo a possibilidade de descoberta de espécimes e bases para novos medicamentos.
Assim, a base da economia a ser desenvolvida precisa ser inventiva e tecnológica, transformando a realidade educacional do jovem acreano com a oferta de cursos técnicos capaz de transformar o uso recreativo do celular em uma forma de ganhar dinheiro, por meio da criação de aplicativos úteis, como foi o caso do aplicativo nascido dentro do Tribunal Regional Eleitoral do Acre (TRE/AC) e que acabou ganhando um espaço no telefone de todo o eleitor brasileiro. Para isso é muito importante existir incentivos capazes até de representar a recolocação no mercado de trabalho de pessoas que, hoje, possuem até uma profissão já definida, mas que devem ser extintas nas próximas décadas.
Esse discurso não é um sonho impossível, pois empresas bilionárias, como Apple e Microsoft começaram na garagem da casa de ícones idolatrados pela força e inventividade. Não é preciso sair do Acre para gerar riqueza, mas é importante oferecer condições aos criadores para que exista, na região amazônica, futuras empresas que ajudarão a evitar a devastação, podendo garantir a circulação de bilhões de reais na economia local.
Para essas bases, os políticos precisam focar esforços capazes de garantir o ensino regular integral, a instituição de cursos técnicos, a introdução de matérias como empreendedorismo, gestão da economia familiar e a aula em educação em saúde. O futuro depende da boa vontade de toda a sociedade, preocupada com o futuro da Amazônia, em especial da população local que deve ter lugar de fala quando se debate preservação, pois é necessário que haja, também, uma compensação para as famílias desses jovens que dedicarão suas vidas à mudança da realidade.
Vereador de Rio Branco